Frase da semana

Frase da semana

"Chegar ao topo de uma montanha, não significa vencer. Sair de um plano para estar em outro, apenas significa que a próxima rota é descer." - Miguel Minotti

terça-feira, 8 de setembro de 2015

As luzes - Novo poema

Venho trazendo mais um poema, gostaria de ter feito mais um diário do vazio, mas não estava com muita inspiração para escrever um. Esse poema pode ser um dos mais complicados que eu escrevi, deve ser porque eu tive certa dificuldade em escrever e misturei muitos pensamentos em um só, o tema é um pouco mais "dark" e cada um pode tirar um pensamento dele.

As luzes



Todos que lhe rodeiam parecem postes
Acabados pela luz velha e fraca
Pela luz que não iluminam nem seus próprios pés
Pela luz, que nunca foi trocada

A água que torna em seus calcanhares
A areia fina, clara como a neve
Você já sabe o que significa
O vazio lhe clama, e à quem, você deve

Caem os postes, as ruas incendiadas
A correria torna a areia densa
A água foge, como quem tem medo
Você deveria correr, os postes caem pela estrada

Suas luzes tão fracas agora
Tornam tudo muito escuro, difícil de ver
Você sabe o que está acontecendo
Não se pode parar, nem adormecer

O vazio lhe clama, ainda existe uma chama
Os postes te seguem, cuidado com eles
A luz pode te afetar, você sabe disso
Por que insiste, em tentar

Seu tempo está correndo
Os postes estão caindo
Eles estão te seguindo
Você está, perdido

Agora, sente-se e observe
A areia que você pisou
A água que te contornou
Sim, este é o fim, acabou

Abra seus olhos, o verdadeiro pesadelo
A verdadeira dor, ainda não chegou
Você pensa que acordou, que não dorme
Profundo o sono, que te engole
Profundo o sono... que te matou

Miguel F. Minotti dos Santos

sábado, 5 de setembro de 2015

Diário do Vazio #1 - Clara, Lara

Faz um pouco de tempo que não posto nada, estava sem muitas ideias ou talvez com ideias e sem vontade de escrever. Esse texto, possui um linguagem bastante além do que apenas ler a base, ele envolve uma prosa em formato de versos e contém um significado versátil, imagino que cada um possa interpretar de uma forma, foi esse um dos meus objetivos ao escrever essa "história". Essa série que estou denominando "Diário do Vazio", terá o intuito de contar histórias com vários sentidos de acordo com a forma que são lidas. Espero que gostem.

Diário do Vazio #1 - Clara, Lara


Ela sempre foi sozinha,
Eu acho que eu também.
Embaixo de uma árvore,
Conhecemo-nos muito bem.
Nunca soube se tinha casa,
Eu acho que eu também não.
Tornamo-nos amigos,
Em pequeno tempo, foi-se a solidão.
Ela andava sempre com um ursinho,
Não era lá o melhor que já vi
As lojas caras poderiam oferecer,
Eu até tentei comprar um para ela,
Mas vi em seus olhos
Que algo tinha naquele urso,
Algo que nenhuma vitrine pode estampar.
Fazíamos o “faroeste” para o sul,
Ora para o norte, ora para lugar algum.
Em parques, as árvores tornavam,
Suas folhas a vida que só os sonhos podem ver.
As lágrimas não existiam para nós,
O mundo não existia ao redor.
Ela nunca falou muito, se atrapalhava com palavras,
Eu entendia tudo que dizia, seus olhos,
De alguma forma mostravam
Quando seu coração sorria.
“Essa é Lara”, ela falou,
Com pequeno relance,
Percebi que ela se referia ao urso,
Que seria uma “ursa”.
Reparei que nunca soube seu nome,
Então perguntei,
Ela respondeu, “Eu sempre quis saber, não sei”.
Um dia o urso caiu, diante a neve,
Ele sumiu.
Então seu nome, se tornou dela,
A minha companhia,
Agora era Clara, como a neve,
Como a luz de uma vela.
O “C” viera de coração,
E de coração, não se acaba em ilusão.
Eu acho que um dia, tudo acabou,
Não entendo o porquê, mas
Ela nunca retornou.
A árvore agora era velha, triste e sozinha,
Fazíamos companhia, um para o outro,
Como fazia para mim a garotinha.
Um dia, eu acho que a árvore morreu,
Suas folhas, não retornaram,
Ao final do inverno, pude ver,
Meus olhos, não tinham brilho.
Então, tempos depois, eu acho que eu vi,
A garotinha, a árvore, um imenso campo,
Lara também estava lá,
Meus olhos se abriram,
E então eu morri.
Estava vivo, estava ali,
Dessa vez eu não acho,
Mas tenho certeza,
De tudo que eu vi.

Miguel F. Minotti dos Santos